quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Como faz

Sinto cheiro de vida.
De repente ela parece estar por toda parte. De repente...
A minha, a vida, é artesanal. Toda feita à mão: moldada, retocada
e de tempos em tempos adquire nova forma.
É bordada em linhas finas que se entrelaçam, laçam, amarram.
A minha e as outras vidas se chocam, trombam, tocam de leve
ou caminham lado a lado. Como uma dança de coreografia
que esqueci como faz,
Mas que em algum momento eu soube.
Modelando, entrelaçando, dançando espero que outra
se misture a minha.
E nunca mais eu seja um,
porque um é pouco demais pra mim.
É que agora os meus nós me distraem demais
para que eu acerte o passo.
Quero deles me devotar o tempo, em atenção e cuidado,
para que um dia eles sejam atados ao que me engrandece,
ao que me torna forte.
Já pensei em me livrar deles...
é que no fundo suspeito que me são necessários,
que preciso apenas atá-los no lugar e na forma correta.
O que não quero é esse nó no peito que me tira o ar.
Isso é o que mais sinto agora, e
se sinto
é porque ainda estou viva.


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